Olha o que você fez: um curta-metragem sobre o abuso do 11 de setembro.

Em 2015, fui presa enquanto tentava buscar minha filha na creche. A monitora do acampamento que fez a ligação se assustou com um anel de quatro dedos que viu na minha mão. Eu não havia agredido ninguém com ele. Não havia gritado com ninguém. Não havia infringido nenhuma lei. Não houve feridos. Nenhum dano à propriedade. Ninguém foi prejudicado.

A polícia me tratou como uma criminosa. Me algemaram na frente da minha filha de 5 anos, que gritava. Fui acusada de porte ilegal de arma (meu anel de quatro dedos) e também de conduta desordeira. Como acontece com a maioria das pessoas negras nos EUA que têm problemas com o "sistema de justiça", fui coagida a fazer um acordo judicial. Então, me declarei culpada de perturbação da paz e conduta desordeira para evitar ser considerada culpada da acusação de "porte ilegal de arma", que, para mim, acarretaria uma pena de 1 ano de prisão.

Um ano de prisão. Por causa de uma joia.

Minha história não viralizou, mesmo com minha vida virada de cabeça para baixo. Minha filha ficou traumatizada. Perdi um emprego extra. Minha renda foi afetada, assim como minha capacidade de encontrar emprego. Até hoje, essas condenações permanecem como uma mancha em minha ficha criminal e, se por acaso eu tiver o azar de me ver novamente envolvido nas maquinações do perverso sistema judiciário americano, certamente usarão essas condenações como justificativa para me aplicar a pena máxima — mesmo que tudo o que eu tenha feito seja assustar uma monitora de acampamento euro-americana com uma joia que ela não conhecia.

Foi por isso que minha esposa e eu fizemos este filme. Não sou a única pessoa que passou por uma situação como essa. Aposto que centenas, senão milhares, de pessoas negras são submetidas a situações semelhantes todos os anos. E a maioria de nós não vai viralizar. Então, isto é para vocês. E também é para esses supostos legisladores que deveriam servir a TODA a sua base eleitoral. Digo "deveriam" porque, se eles estivessem realmente empenhados em nos servir, haveria leis em todos os estados criminalizando o abuso do 911. Porque é isso que acontece. Essas pessoas que ligam para o 911 para pessoas como eu, que não machucaram ninguém, que não infringiram nenhuma lei, essas pessoas transformaram o 911 em uma arma. E já passou da hora de criminalizar esse comportamento destrutivo.

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Respeitosamente apresentado,

Hannibal Pace, principal defensor do Movimento do Café da Manhã Gratuito